A Nintendo fez muitas parcerias nesses longos anos de trabalho. Muitas empresas participaram ou produziram jogos para a Big N e diversos jogos entraram pra história. Algumas empresas desfizeram essa parceria e deixam saudades. Uma delas é a com a antiga Silicon & Synapse, que hoje se tornou a Blizzard, uma das maiores desenvolvedoras de jogos para computador, responsável pelo universo de Warcraft e StarCraft. A nossa Máquina do Tempo de hoje vai nos levar para o tempo dessa parceria com o jogo de Super Nintendo The Lost Vikings.
Quantos Vikings precisam pra trocar uma lâmpada?
A empresa Silicon & Synapse foi fundada em 1991. A empresa começou bem pequena, trabalhando principalmente em ports de outros jogos. Nesta época, todos os funcionários estavam simplesmente viciados em Lemmings, um jogo para o computador Amiga. Esse jogo é do tipo puzzle, onde o jogador controla personagens e deve encontrar um jeito de permitir que eles cheguem até um portal final. Cada personagem tem diferentes habilidades que devem ser acionadas nos momentos certos e trabalhar de forma cooperativa para que o objetivo seja alcançado.
Pensando muito nesse estilo de jogo, a equipe começou a desenvolver um game semelhante, mas a infinidade de personagens e os diferentes níveis teriam a temática Viking. Com o tempo, eles descobriram que isso seria totalmente inviável de fazer, pois a capacidade gráfica do Super Nintendo (console para qual o jogo seria lançado originalmente) não permitiria um número tão grande de objetos em movimento na tela. Para resolver esse problema, ficou decidido que seriam cinco personagens, cada qual com uma habilidade única. Mesmo que a jogabilidade estivesse adquirindo bastante fluidez e divertia os desenvolvedores, eles decidiram mudar novamente, diminuindo o número de personagens para três. A partir daí, com um pouco mais de detalhamento no design, estavam criados os três vikings que iriam protagonizar The Lost Vikings.
O desenvolvimento do game começou a ser feito no final do ano em que a empresa foi fundada. A equipe que participou da produção era composta por mais ou menos 12 funcionários, hoje a Blizzard tem mais de 4.500 colaboradores. O jogo foi publicado pela Interplay, empresa parceira deles na época. Ela arrecadou fundos para o planejamento e desenvolvimento de The Lost Vikings e de outros jogos, como Blackthorne e Rock & Roll Racing. A Interplay também foi responsável pelas vendas, marketing, distribuição e manufatura do game. Como era uma empresa mais experiente, eles colaboraram com várias ideias e sugestões, além de providenciar algumas animações do jogo. E, como é natural nesse tipo de negócio, os direitos do jogo ficaram para a Interplay Entertainment.
Perdidos no espaço
Os Vikings são um povo nórdico que invadiram, exploraram e colonizaram áreas da Europa e ilhas do Atlântico Norte, Entre os séculos VII e XI. Entre exploradores, guerreiros, comerciantes e piratas, eles ficaram conhecidos pelos seus feitos durante a “Era Viking” e por utilizar dracares, durante suas viagens pelo extremo oriente.
Para celebrar a chegada do outono, os habitantes de uma vila Viking tinham como tradição promover uma série de eventos competitivos, que iriam por em questão a bravura e as habilidades dos participantes. O primeiro evento do dia seria a caça. Todos os participantes deveriam sair pela natureza selvagem de fora da vila e caçar algum animal para o jantar promovido na festa. Aquele que caçasse a melhor carne iria ganhar o desafio. Todos saíram bem cedo, exceto três Vikings que moravam na parte de fora da vila. Como o atraso deles era algo costumeiro, eles decidiram iniciar o evento de caça sem eles.
Os três Vikings perceberam que estavam atrasados ao ouvir de longe um som de um chifre sendo soprado, que marcava o início da competição. Os três Vikings eram: Olaf, o robusto e seus dois irmãos, Baleog, o feroz e Erik, o veloz. Eles correram em direção à floresta, para evitar que os outros tivessem um começo muito melhor que os deles. Enquanto isso, o famigerado tratador de um zoológico intergaláctico, chamado Tomator, estava pilotando sua espaçonave para a Terra. Chegando próximo a vila dos Vikings, ele acreditava que naquela região poderia encontrar os espécimes mais adequados para continuar sua coleção do zoológico.
Mais tarde naquele dia, os três Vikings voltavam pra casa da festa, ainda se gabando por terem sido os campeões da competição de caça. Após os três irmãos pararem de contar vantagem e dizer que eram melhores que os outros, foram para suas camas, sem perceber o estranho objeto que voava acima do vilarejo. Tomator já havia decidido que iria levar os três Vikings para a sua coleção e conseguiu capturá-los, mesmo com os esforços dos irmãos. Presos na nave, e longe da órbita terrestre, eles devem unir seus esforços para conseguir escapar das garras do mal e voltar para casa.
Cooperatividade é o caminho da vitória
The Lost Vikings é um jogo de plataforma com diversos puzzles para serem resolvidos. O que o difere dos outros jogos, é que cada personagem tem características e habilidades diferentes que irão ajudar durante as fases. Cada fase será completa apenas se todos os três Vikings chegarem vivos até as saídas. O jogo não se passa somente na espaçonave de Tomator, pois esta tem vórtices que fazem os personagens viajaram pelo espaço tempo, indo para épocas e realidades diferentes, como a pré-história, o Egito antigo e até mesmo um mundo feito de doces (?).
Os Três Vikings viajando pelo vórtice
Os Vikings tem três pontos de energia cada um. Durante a fase é possível coletar diversos itens, incluindo aqueles que regeneram a vida dos personagens. Cada um deles tem uma habilidade primária e uma secundária: Baleog ataca com sua espada e atira flechas com seu arco. Erik pula uma altura elevada e corre abaixando sua cabeça, para destruir paredes ou destruir inimigos. Olaf é o único que possui uma habilidade passiva: a defesa de seu escudo é indestrutível. Além disso, ele pode colocar o escudo sobre a cabeça e usar ele para flutuar.
É possível alternar de personagem a qualquer momento, dependendo da necessidade do jogador. Muitas vezes é preciso combinar as habilidades para poder seguir adiante no jogo. Alguns itens também ajudam, como bombas, bombas inteligentes (que destroem todos os inimigos na tela), botas de gravidade e flechas de fogo. Cada Viking pode carregar até quatro itens em seu inventário e o jogo permite que eles troquem entre eles. Quando as fases são completadas, um password é dado para que o jogador possa voltar até a fase quando quiser.
É possível jogar The Lost Vikings com mais um amigo. Alterando para este modo, o “Player 1” tem o controle mestre do jogo. A tela irá seguir qualquer Viking que ele esteja controlando. O “Player 2” irá controlar um dos outros dois personagens e se ele ficar fora do limite da tela, o personagem irá para de se mover e “Player 1” deverá voltar para pegá-lo. O “Player 1” pode passar o controle mestre para o outro jogador apertando L e R ao mesmo tempo.
Edição Nórdica da revista Caras
A Blizzard tem o humor como uma de suas características marcantes. Isso não é exclusivo dos jogos atuais da empresa, pois é muito encontrado em todo o jogo The Lost Vikings. Em seu manual de instruções ela colocou um perfil de cada Viking, para ilustrar um pouco mais da vida deles fora do jogo. Vamos aos dados:
Idade: 19;
Altura: 1,73m;
Peso: 72 kg;
Especialidade: Patrulha e velocidade;
Equipamento: Botas de corrida e uma cabeça forte;
Ocupação: Mercenário, treinador de atletismo e
entregador de pizza;
Hobbies: Corrida e escalada;
Hobbies: Corrida e escalada;
Autores favoritos: Dr. Seuss e Nietzsche;
Filmes preferidos: The Running Man, Running Scared, Run Silent, Run Deep, Logan’s Run, Running on Empty, Nuns on the Run, Running Brave, Erik the Viking;
Banda predileta: Rush;
Comida favorita: Fast Food;
Animais preferidos: Guepardo, Jaguar e Falcões;
Presente de aniversário desejado: Um capacete de futebol americano;
Citação: “É melhor correr e pular sobre os inimigos do que deixá-los esmagarem você em pedacinhos”;
Comentários: Ele é o gênio tático e auto-proclamado líder da equipe. Erik é o mais ágil dos Vikings, o que o torna indispensável durante as expedições;
Pontos fortes: Erik é o mais veloz dos Vikings. Ele pode ultrapassar qualquer inimigo e saltar alto no ar. Ele também tem uma cabeça de pedra, que pode usar para bater em paredes;
Pontos Fracos: Não tem nenhuma capacidade defensiva, o que o deixa vulnerável se ele está sozinho. Sua velocidade também pode atrapalhar em certos momentos se não for cuidadoso.
Idade: 25 anos;
Altura: 1,83m;
Peso: 99 kg;
Especialidade: Combate, cortar, fatiar e cortar em cubos;
Equipamento: Arco, flechas, espada e atitude;
Ocupação: Assaltante corporativo;
Hobbies: Academia, lançamento de faca e boliche;
Bebida favorita: Ponche de frutas;
Vegetal preferido: Abóbora;
Metas: Dominação mundial e ganhar o campeonato de boliche;
Filmes favoritos: Spartacus, Rambo II, Conan, o bárbaro, Laranja Mecânica e Exterminador do Futuro;
Banda preferida: Aerosmith;
Citação: “Entre no moinho e você sairá farinhento e cozido”.
Comentários: Seu enorme ego só é tolerável pois suas habilidades marciais são essenciais para as expedições. Quando ele não está acusando seus irmãos de serem preguiçosos ou fracos, Baleog pode ser encontrado afiando sua espada e planejando um modo de conquistar o mundo;
Pontos fortes: Pode atacar com sua espada e atirar flechas. Ele também pode ativar botões distantes com suas flechas;
Pontos Fracos: Ele ainda não foi ensinado na arta da defesa. Portanto, ele tem o costume de se esconder atrás do escudo de Olaf durante as batalhas.
Idade: 23 anos;
Altura: 1,88m;
Peso: 145 kg;
Especialidade: Defesa, aeronáutica e alívio comico;
Equipamento: Escudo, barriga e uma risada estranha;
Ocupação: Mercenário e garoto propaganda da Winchell’s (loja de donuts);
Hobbies: Para-pente, Bungee Jumping;
Comidas favoritas: Rolo de carne e rosquinhas pouvilhadas;
Última Fantasia: Ser um lutador de Sumô;
Instrumento predileto: Tuba;
Filmes favoritos: Fat man and Little Boy, Little Big Man, Breakfast at Tiffany’s, The Breakfast Club, The Naked Lunch, Lunch Wagon, Dinner at Eight, Guess Who’s Coming to Dinner, My Dinner with Andre;
Feriado preferido: Natal;
Citação: “A vida é uma grande banana. Tenha cuidado para não escorregar na casca e tudo vai dar certo”;
Comentários: Com sua constituição pesada e determinação inabalável, Olaf estará presente em qualquer situação. Seu apetite por aventura é quase igual à sua paixão por pastelaria;
Pontos fortes: Ele pode usar seu escudo para bloquear inimigos e seus tiros. Também pode segurar o escudo acima da cabeça e flutuar por longas distâncias;
Pontos Fracos: Tem que esperar por Baleog em situações de combate.
Três Vikings Perdidos
The Lost Vikings pode não ser um jogo que dividiu águas e se tornou um novo modo de plataforma que todos iriam fazer. Mas sem dúvidas ele trouxe coisas boas que os jogadores gostaram e sentem saudades. Mesmo que não tenha revolucionado graficamente ou com sua trilha sonora e efeitos de som, seria errado dizer que estes não são de extrema qualidade. O gráfico colorido nos 16bits do Super Nintendo ajudam a entoar o ritmo engraçado e divertido do jogo. Além disso, a trilha sonora que caracteriza muito bem cada situação e universo do jogo também desempenha esse papel.
O tom de humor, misturado com uma pequena complexidade no jogo o tornam uma excelente pedida. Resolver as situações do jogo não é algo muito difícil de fazer, pois as estratégias são semelhantes, mas a mudança dos cenários e os diferentes inimigos ajudam a deixar o game menos repetitivo. Com isso, planejar seus movimentos se torna divertido e os diálogos engraçados de cada personagem (que muito bem trabalhados) fazem o jogo fluir quase impecavelmente.
O game recebeu uma sequência e também uma versão também para o Game Boy Advance, que é excelente. Os desenvolvedores consideram o portátil ideal para este jogo. Jogar The Lost Vikings, não importa em qual plataforma, é se divertir, dar boas risadas e também se estressar um pouquinho. Com o tempo acabamos nos encantando com os Três Vikings perdidos e aprendemos a gostar deles cada vez mais.