O tempo em que jogávamos nos arcades foi especial. Quantas vezes seus amigos convidaram você para sair de casa e ir para o “Fliper”? Com o passar do tempo os consoles de mesa foram desenvolvidos e com eles veio a praticidade de poder jogar no conforto de casa. Muitos jogos migraram dos fliperamas para os consoles. Vamos ativar a nossa máquina do tempo para ver um jogo que é considerado um dos melhores games de luta da história: Killer Instinct.
Estamos no ano de 1994. Mortal Kombat surgiu para o Mega Drive e já era considerado um sucesso entre os jogadores. Disputas até a morte, com personagens diferentes e até bizarros, cada qual com suas habilidades especiais era a receita de sucesso do jogo. Para não ficar de fora a Nintendo, em parceria com a Midway e juntamente com a Rare, decidiu criar Killer Instinct. Apesar de seguir a mesma fórmula dos clássicos Street Fighter e Mortal Kombat, ele trouxe características inovadoras para a época, o que o tornou um grande sucesso tanto de crítica quanto de vendas. O jogo vendeu mais de 3 milhões de cópias para o Super Nintendo e teve uma fita em cor preta, trazendo charme e destaque para o consumidor.
Os pontos fortes de Killer Instinct se encontram na jogabilidade, nos gráficos e também em sua trilha sonora. Apesar do enredo não ser tão elaborado, isso não é algo que faça muita diferença na hora de batalhar em um duelo mortal contra seu oponente. O gráfico trazido pelo jogo era algo que ainda não tinha sido visto nos consoles da era dos 16 bits. Em certos momentos a câmera poderia aproximar ou até mesmo girar, coisa que só tinha acontecido no jogo de arcade Virtua Fighter. Os personagens de Killer Instinct foram produzidos através de captura de movimentos e o plano de fundo dos cenários eram reproduzidos para causar a sensação de 3D aos jogadores. Toda essa qualidade gráfica, semelhante a Donkey Kong Country, foi um diferencial muito explorado na divulgação do jogo e fez com que ele se tornasse único dentre os jogos da época.
Os gráficos eram um diferencial do jogo, mas que trabalhavam em completa sinergia com a jogabilidade, pois algo que poderia deixar o game mais lento, acabou funcionando perfeitamente. A jogabilidade traz muitas coisas dos outros jogos de lutas, mas acrescenta alguns pontos que a tornam diferente. A começar pelos combos. Em Killer Instinct, os combos não são ativados ao utilizar uma sequência correta de botões, mas sim ao fazer no momento certo. Os combos podem ser divididos em Triple, Super e Killer Combo, sendo de 3, 4 e até 12 golpes, respectivamente. Cada combo é anunciado pelo narrador, assim como os Ultras Combo, que só podem ser usados quando a barra de vida estiver no vermelho. Outro diferencial é a falta de rounds no jogo. As lutas são decididas quando as duas barras de vida se esgotam ou com quem estiver com mais vida, caso tenha acabado o tempo. Para dificultar o jogo, os combos podem ser quebrados pelos adversários através do Combo Breaker. Executado de maneira correta, ele acaba com o combo do inimigo e ainda tira o dano, gerando a narração lembrada até hoje com o “C-c-c-c-c-ombo Breaker”.
Killer Instinct também traz dos outros jogos os Danger Moves. Nos mesmos moldes dos Fatalities, quando o oponente estiver morrendo, o jogador pode executa-lo uma maneira diferente. Além disso, existem também os Humiliation Moves, que só podem ser executados se você não tiver tomado dano durante a partida e eles faziam o adversário dançar antes de morrer, uma humilhação completa. A trilha sonora do jogo, bem como seus efeitos de som também se tornaram muito distintos dos outros jogos. Cada jogador além de ter o seu próprio cenário, tinha também uma voz única, algo que não acontecia nos outros jogos da época e ajudou a aumentar o sucesso do game. O narrador também fazia o diferencial, ao anunciar os combos, os moves e também a quebra de combos.
A história de Killer Instinct começa em um tempo muito distante, quando dois lordes de guerra se enfrentam, causando destruição na Terra e a aniquilação de muitas pessoas. Para impedir que o caos continuasse, um grupo de guerreiros enfrentou os dois lordes e os aprisionaram no limbo. A paz retorna após o aprisionamento dos dois, mas num futuro remoto, a Terra volta para o estado de caos, mortes e poluição. Ela é controlada por megacorporações que lutam entre si para conseguir os recursos naturais do planeta. Em meio a este clima de guerra e caos, a Ultratech se destaca entre as corporações. Ela não se envolve diretamente, mas sim com a venda de todos os tipos de armas para todas as outras empresas. Além do incentivo com armas, ela tem o controle da mídia, promovendo o sangrento torneio mortal chamado Killer Instinct. Este torneio é transmitido para todo o mundo, gerando renda para a Ultratech e também utilizado como testes de desenvolvimento de armas experimentais.
Cada personagem do jogo tem sua história relacionada com a Ultratech e, obviamente, com o torneio Killer Instinct.
Fulgore: Ele é uma criação da própria Ultratech. Uma espécie de ciborgue, caso ele vencesse a competição, seria criado em massa para ser vendido como arma de guerra para as outras corporações.
Jago: É um dos personagens principais. Seus pais foram assassinados e ele foi criado por monges. Ele é guiado por um guia espiritual chamado “Tiger Spirit” e participa do torneio para mostrar todo o mal causado pela Ultratech.
Cinder: Nascido humano, Ben Ferris era um criminoso. Em certo momento, ele foi preso e a Ultratech ofereceu liberdade, desde que ele participasse de um experimento. Ben aceitou, mas algo deu errado e ele acabou se tornando uma espécie de tocha-humana. Tomado completo do fogo, a empresa o obrigou a entrar no torneio para que ele vença o extraterrestre Glacius e só assim conquistar sua liberdade.
Glacius: Vindo de outro planeta, ele tem o corpo todo de gelo e pode se transformar em água. Durante uma viagem, aconteceu um acidente com sua nave e ele acabou caindo na terra. A Ultratech o capturou e o obrigou a participar do torneio, para que ele fosse humilhado pelos humanos. A intenção da empresa é provar que raças diferentes do ser humano são inferiores.
Riptor: Outra experiência da Ultratech. Ele era um humano e teve seus genes misturados com répteis. Ele utiliza suas garras formidáveis para estraçalhar os inimigos e também pode cuspir veneno com a boca.
SabreWulf: Ele sofre de Licantropia, ou seja, é um lobisomem. Após passar muito tempo de sua vida escondido, ele decide participar do torneio após a promessa de cura, caso vencesse.
Spinal: Este esqueleto vivo é mais uma obra da Ultratech. Sua história é desconhecida e a maneira como a empresa conseguiu ressuscita-lo é guardada em um cofre secreto.
T.J. Combo: Ele era campeão mundial de boxe, mas perdeu o título após descobrirem que ele fez implantações mecânicas nos braços. Ele participa do torneio para recuperar tudo o que perdeu: fama, dinheiro e glória.
Chief Thunder: Ele é um indígena, defensor místico dos nativo-americanos. Entrou no torneio para esclarecer o mistério do desaparecimento do seu irmão, ocorrido no torneio anterior.
B. Orchid: A outra personagem principal do jogo. É uma agente secreta enviada para o torneio com o objetivo de descobrir os misteriosos desparecimentos que tem ocorrido na Ultratech.
Eyedol: Ele não é simplesmente o boss do jogo. Eyedol é um dos lordes de guerra que estavam aprisionados no limbo. Conjurado pela Ultratech, esse monstro de duas cabeças é a arma principal da empresa. Ao vencer esse boss, ele libera uma energia significativa, fazendo com que o todo o ambiente do torneio retorne para a época em que ele foi banido. É nessa época que acontece o Killer Instinct 2.
Killer Instinct é um dos melhores jogos de luta, tanto para o SNES quanto para a história do vídeo-game. Seu sucesso gerou uma continuação, que foi desenvolvida nos árcades e também no Nintendo 64. Personagens diferentes com jogabilidade e gráficos diferenciados foram os atrativos que fazem esse jogo ser o preferido de muitos até hoje e que sempre vale apena jogar de novo. Depois de ficar com muitos calos nos dedos, já escolheu seu personagem preferido?