Mesmo passando pelas mais diferentes vertentes e estilos ao longo das décadas, o saudosismo sempre foi um fator importante na franquia Sonic desde que o personagem deu seus primeiros passos em Sonic the Hedgehog, em 1991. Sonic Mania, por exemplo, usou a fórmula clássica das plataformas do Mega Drive para implementar novidades e se tornar um dos títulos recentes mais aclamados da franquia. Sonic Superstars, lançado em 17 de outubro deste ano, consegue atingir um patamar nostálgico ainda mais alto ao apresentar uma inédita jornada na vida do Ouriço Azul e seus companheiros. Com novas mecânicas e belos visuais, Sonic Superstars abre caminho para novas possibilidades na vida do personagem da SEGA – mesmo que a dificuldade cresça bruscamente a níveis irritantes.
Essa análise foi feita com a chave do game sedida pela SEGA para PlayStation 5.
História
O game acompanha Sonic, Tails, Knuckes e Amy nas Northstar Islands, local onde o Dr. Eggman e Fang transformaram animais em Badniks em busca da dominação mundial. Como de costume, cabe ao bando liderado por Sonic parar os planos do famoso vilão. É uma história já vista inúmeras outras vezes na franquia, mas poder escolher com qual personagem jogar dá ares mais frescos à narrativa manjada da série de games do Ouriço Azul. E embora a premissa seja repetitiva, é na jogabilidade e gráficos que o game se destaca e inova.
Jogabilidade
De início, parece que Sonic Superstars é exatamente igual a títulos anteriores do personagem: o jogo começa e é preciso explorar zonas enquanto coleta moedas para derrotar um chefão no final da fase. Até os comandos são os mesmos de sempre: Sonic, por exemplo, corre em altas velocidades, pode pegar impulso para se projetar em formato esférico em direção a barreiras, além de poder pular para atacar inimigos – um jeito de abraçar tanto jogadores mais antigos quanto os que estão ingressando agora na franquia. Mas basta alguns minutos para que o jogo quebrar a mesmice ao oferecer uma das sete Esmeraldas do Caos, que desbloqueiam habilidaes inéditas aos personagens.
Pode parecer que o uso de habilidades seja opcional ao longo do game, mas preciso admitir que só consegui derrotar três chefões graças à habilidade Avatar, que inunda a tela de clones que atacam os inimigos. Assim sendo, vale destacar que o aumento brusco na dificuldade das fases e chefões ao longo das zonas me causou momentos de desconexão com o game – uma forma diferente de dizer que o game me puniu muito por ser um jogador ruim. Inicialmente, o Dr. Eggman não dispõe de equipamentos e recursos para causar pânico, mas as coisas mudam de uma zona para outra – são onze zonas no total, cada uma dividida de um a três atos -, e perdi a conta de quantas vezes morri nas lutas em Zona da Fábrica, do Santuário de Areia e, principalmente, em Lagoon City, uma fase aquática que começa divertidíssima, mas termina em caos.
Uma forma de contornar a tensão da dificuldade mecânica é explorar as fases de Sonic Superstars. É possível explorar as plataformas 2D que ficam no alto das fases, assim como também é possível explorar as áreas mais baixas – todas, claro, repletas de inimigos e obstáculos. Minigames com coletas de medalhas e das Esmeraldas também são um respiro em meio à velocidade e intensidade do game. As mudanças pontuais e a crescente dificuldade fizeram com que, aos poucos, minha experiência com o jogo se tornasse repetitivo e cansativo. Foi preciso respirar forte e reunir um pouco de paciência em alguns momentos para seguir em frente, mas acredito que a experiência seja mais branda para os que conseguirem jogar o modo história com amigos – é possível ingressar no modo história com três outros jogadores, o que deve amenizar a dificuldade dos chefões.
Gráficos
Os visuais de Sonic Superstas são um show à parte. Isso vale não só pro polimento gráfico dos personagens e ambientes, mas para a experiência num geral – incluindo no gameplay. Os personagens são bem detalhados e as cores dominam todos os cantos da tela, mas foi quando vi Sonic acessar os cenários em segundo plano para capturar moedas que arregalei os olhos e senti um soco no coração. O 2D abre breves espaços para o 3D e a modernização visual abraça tanto o jogo quanto o jogador – principalmente o jogador mais saudosista que presenciou as inúmeras mudanças na franquia ao longo dos anos. As paisagens estão impecavelmente belas, as moedas estão mais brilhantes do que nunca, e assim a franquia mescla o novo e o velho com gosto e beleza. Aproveito para destacar a Cyber Station Zone, uma fase cheia de cores neon, voxels, efeitos coloridos e a possibilidade de jogar com um Sonic transformado em um polvo formado por blocos – a fase é um espetáculo tanto visual quanto mecânico.
Trilha Sonora
A trilha sonora da dupla Jun Senoue e Tee Lopes também consegue inovar através de melodias mais suaves e enérgicas e menos duras e robóticas. De cara é fácil perceber que a dupla tirou inspiração das faixas vibrantes dos games clássicos da franquia, o que resultou em batidas sempre muito animadas e capazes de deixar a jogatina ainda mais frenética. Um grande acerto que complementa o gameplay do começo ao fim.
Veredito
Sonic Superstars surge como um marco importante de modernização na franquia do Ouriço Azul. Isso se dá ao fato de que, ao invés de desejar ser um ponto de virada na franquia, o game prefere ser uma volta às origens de Sonic com inovações pontuais e muita modernização. A fórmula original funciona por si só e o game entrega uma experiência completa do começo ao fim. O seu único problema é desejar desafiar o jogador bruscamente, e não progressivamente – não a ponto de arruinar toda a experiência, mas que oferece momentos de irritação e desmotivação. Somado à modernização, gráficos atualizados e recursos inéditos, o saudosismo bate forte sempre que Sonic e seus companheiros aparecem na tela, o que torna Sonic Superstars um game perfeito para a nova geração – e um game marcante para gerações mais velhas. Sonic Superstars está disponível para Nintendo Switch, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox One, Xbox Series X e Series S e Microsoft Windows.