A série Resident Evil consolidou o gênero Survival Horror com seu primeiro jogo lançado em 1996 pro PS1. Desde então foram vários jogos, só que com o passar do tempo a série foi perdendo sua essência e mesmo tentando inovar, já não agradava tanto os fãs.
Se você perguntar qual o melhor jogo da série, muitos vão dizer que preferem a trilogia clássica do PS1, com sua câmera fixa que proporcionava alguns sustos estratégicos, recursos limitados escondidos no mapa, inimigos assustadores que te perseguiam em algumas partes do jogo. Toda essa sensação de impotência somada a uma trilha sonora horripilante, fez com que o game se tornasse tão marcante.
Alguns preferem o quarto game, que trouxe uma jogabilidade mais desenvolvida, não tinha mais a câmera fixa, agora era necessário mirar para acertar os inimigos, o jogo tinha uma campanha bem maior que os anteriores, diversos inimigos, armas e coletáveis. Porem deixava um pouco de lado o Survival Horror e se aproximava mais de um jogo de ação, o que acabou dividindo opiniões.
Eis que a CAPCOM finalmente decidiu atender algo que era muito pedido, e lançou o remake de Resident Evil 2 para PS4, XONE e PC em 25 de Janeiro de 2019. A versão jogada para análise foi a de PC.
História
Para quem ainda não conhece, o jogo se passa em Raccon City, 2 meses após os eventos do primeiro jogo, onde Leon, um policial transferido está se dirigindo ao novo local de trabalho, e Claire, está em busca de seu irmão desaparecido Chris (protagonista do primeiro jogo). Ambos se encontram por acaso a caminho da delegacia, e se deparam com uma cidade infestada de zumbis por conta de um vírus. Seguem juntos mas acabam separados por conta de um acidente.
Assim jogamos com cada personagem em seu cenário. Quem já é familiarizado com o original tem noção do que esperar, mas alguns acontecimentos estão diferentes, assim como a localização dos itens, quebra cabeças e inimigos. Cumprindo o que a CAPCOM prometeu, ao dizer que traria uma experiência nova mesmo pra quem já havia jogado o original.
O jogo é sensacional até que chega o cenário B, onde praticamente é o mesmo do primeiro, com poucas diferenças como alguns lugares como o orfanato, respostas dos quebra cabeças, e as cenas de cada personagem é claro, até os chefes são os mesmos. Ficou sem sentido ver encontros e acontecimentos repetidos com os dois personagens. Diferente do original que trazia chefes diferentes, mais áreas e acontecimentos exclusivos para cada um, que se completavam e justificavam os cenários separados.
Jogabilidade
Aqui uniram o útil ao agradável, mantendo a experiência que o original trazia, refinando a fórmula e trazendo uma perspectiva semelhante a do 4, que tem um gameplay mais elaborado, e o resultado ficou incrível.
Mesmo na dificuldade padrão, se você tentar matar todo zumbi que aparece pela frente vai se dar mal, pois os recursos são limitados (sem essa de inimigos dropando munição), e não vá achando que acertar um tiro ou dois na cabeça é suficiente, parece que as criaturas andaram upando e agora estão bem mais resistentes. As vezes a melhor opção é neutralizar -atirando na perna por exemplo- ou atrai-los para uma área maior e desviar.
As definições de estar fu@#$&! foram atualizadas
Falando nos zumbis, além de mais resistentes, estão mais insistentes, atravessando portas, dando umas avançadas repentinas. Os lickers estão bem resistentes e ágeis, mas como são cegos desde que não faça barulho, da pra passar por eles, caso contrario pode ter certeza que ele vai te pegar. Apesar dos inimigos mais desenvolvidos e alguns novos, a variedade deles é bem pouca se comparado ao original, engraçado que no modo extra Ghost Survival, tem alguns zumbis modificados, que na minha opinião teriam sido bem aproveitados no modo principal.
Uma das novas criaturas, bonitinha né?
Não podia deixar de falar da grande estrela do jogo. Não estou falando do Leon ou da Claire, nem da Ada, me refiro ao Mr.X! O próprio diretor já revelou que não esperava que fossem gostar tanto dele, mas como não amar alguém que depois que aparece, fica te perseguindo o resto do jogo. Alguém que você ouve os passos de longe, e qualquer barulho que faça, vem na sua direção. Alguém que não importa quantos tiros tome na cabeça, no máximo fica alguns segundinhos descansando pra continuar te seguindo. Acertaram em cheio no reformulado Mr.X que agora faz jus como “primo” do Nemesis, porque a sensação de desespero ao ser caçado por ele é real.
Quero ver me achar agora Mr.X
O jogo trás também os clássicos modos The 4th Survival, Tofu Survival e outros. Além do novo Ghost Survival via DLC gratuita.
Achou que não iria ter o Tofu né?
Gráficos
A RE Engine não esta pra brincadeira. O modelo dos personagens e criaturas estão muito bem feitos, da para notar a expressão de dor do personagem quando está ferido, o detalhe nas feridas dos corpos espalhados pelo cenário, o desgaste que cada bala faz no corpo do zumbi, a sua carne podre despedaçando lentamente. É de encher os olhos revisitar os lugares agora mais realistas, que somado a uma ambientação escura deixa o jogo ainda mais assustador. Mandaram muito bem ao fazer da lanterna, sua fonte principal de luz em boa parte do jogo.
Trilha Sonora
O jogo alterna entre silêncio e música de fundos horripilantes, nos momentos certos para deixar o jogador apreensivo. Para os chefes temos músicas épicas, e quando ouvir a música do Mr.X corra. Mas para compensar tanta tensão, nas salas de save toca uma musiquinha relaxante. Os efeitos sonoros são mais uma ferramenta para aterrorizar o jogador, os ruídos aleatórios te confundem com as criaturas que as vezes surgem do nada para te assustar. A dublagem esta ótima e o jogo está legendado em português.
Resident Evil 2 é o melhor remake já feito, pois não se trata apenas de gráficos bonitos. Ele proporciona uma experiência nova e resgatou o melhor do Survival Horror, aprimorando a sua fórmula. Recomendadíssimo para veteranos e novatos, e CAPCOM, que venha o remake do 3!