Pikmin é uma série criada por Shigeru Miyamoto, que preencheu uma lacuna no repertório da Nintendo no seu lançamento, em 2001: os jogos de estratégia em tempo real.
De lá para cá foram lançados 4 jogos da franquia, Pikmin, Pikmin 2, Pikmin 3 e o spin-off Hey! Pikmin e em 2020 recebemos a versão Deluxe de Pikmin 3 para Switch, apresentando o jogo para um público muito maior que os seletos donos de Wii U.
A Nintendo nos enviou uma chave para analisarmos seu mais recente lançamento.
História
Como um espelho do nosso futuro, vemos a civilização do planeta Koppai lutando para sobreviver após exaurir todos os recursos de seu planeta natal. Sem formas de se autossustentar, são enviadas sondas para o espaço, em busca de novos planetas com frutos e sementes que possam salvar seu planeta. Após muita espera, resultados promissores são encontrados no planeta PNF-404. Imediatamente, são enviados bravos astronautas a bordo da S.S. Drake para explorar este novo ambiente.
Com um leve toque de crítica social e muito humor a história de Pikmin 3 Deluxe te leva a conhecer um novo, mas nem tanto, planeta.
Um ponto positivo para aqueles que já haviam jogado a franquia é o retorno de 2 personagens icônicos, Olimar e Louie, e o jogo constrói em cima disso, muitas vezes parecendo uma grande side mission no melhor sentido, como aquelas que dão a impressão de dar uma espiada por trás dos panos, dando mais profundidade à obra como um todo. Isso, porém, é uma faca de dois gumes, pois senti que em algumas parte do jogo a graça estava em referências a jogos passados, deixando apenas um vácuo para quem não acompanhou os primeiros jogos da série.
Jogabilidade
Sendo o meu primeiro Pikmin, fui surpreendido por quão bem os controles funcionam. O gênero de estratégia em tempo real se beneficia muito da agilidade e precisão do teclado e mouse, mas a capacidade que a Nintendo de brilhar na simplicidade reluz também em Pikmin 3 Deluxe.
Toda a mecânica do jogo gira em torno de gerenciar os diferentes Pikmin em várias atividades, desde atacar inimigos, até construir pontes e coletar recursos.
O jogo é dividido em dias pois durante a noite a vida selvagem se torna demais para ser combatida, fazendo com que nossos heróis se refugiem em sua nave, voltando à orbita. Os Pikmin que ficarem desgarrados dos capitães e fora do perímetro de proteção das “Onions” e da sua nave perecerão rapidamente. Além disso, o número de dias é limitado pela quantidade de frutas que você encontra no planeta, fornecendo alimento para mais dias de exploração.
As “Onions” são estruturas intrigantes, que geram novos Pikmin conforme são alimentadas e há diversas cores, cada uma responsável por uma variante de Pikmin, cada uma com características únicas: O vermelho é o mais forte em combate e resiste a fogo; o amarelo pode ser jogado mais alto e não sofre com eletricidade; o preto é de pedra, portanto não pode ser esmagado e consegue quebrar vidros e cristais; o azul sobrevive debaixo da água; o rosa é capaz de voar, passando por áreas alagadas e sendo mais eficaz contra inimigos voadores.
Não há ações tão complexas, como seleção de formação e atalhos para seleção de subgrupos, presentes em outros jogos de estratégia, como Total War. Apesar disso, o jogo apresenta uma solução elegante para o multi-tasking. Você controla até 3 capitães independentes que tem o seu destacamento de Pikmin. Alph, Britanny e Charlie são os encarregados de manejar a horda de animais planta coloridos e logo fica claro que os 3 serão necessários para se forragear o hostil ambiente da melhor forma possível.
Além de poder andar separadamente, a capacidade de jogar outro capitão, assim como Pikmin, torna a exploração um pouco mais desafiadora do que eu esperava. Infelizmente, na maioria dos casos em que eu gastava um dia inteiro tentando resolver um puzzle para alcançar uma fruta nova, a solução era apenas encontrar um novo tipo de Pikmin ou liberar outro capitão.
O último chefe também entrega uma experiência diferente do resto da história. Me pareceu um tanto deslocado e não há como se preparar direito para o que é entregue. A necessidade de avaliação da situação instantaneamente é bem frenética e a impossibilidade de se buscar mais Pikmin dá um outro tom ao jogo, parecido com um survival horror. Isso dito, o jogo te dá a possibilidade de tentar novamente sem penalidades e, felizmente, você ganha acesso a sua Onion durante a batalha final.
Além do modo história principal, há outras missões, também divididas em dias, mas que focam em um jogo mais rápido, em que se busca tesouros ou partes da nave com um limite de tempo. A mudança no ritmo é bem legal, dando um foco maior na execução de tarefas simultâneas, aproveitando ao máximo os dois tripulantes da S.S. Dolphin, Olimar e Louie.
Sons
Todo o design de som, junto das músicas, dá um tom muito acolhedor ao jogo. Mesmo eventos catastróficos, como a morte de dezenas de seus companheirinhos, são acompanhados dos seus gritos e alminhas fofos sumindo no ar. Isso não significa que seja agradável. O senso de urgência que a contagem regressiva passa no final do dia e a trilha sonora em momentos mais energéticos do jogo são enfáticos e somados à perspectiva de morrer de fome caso demore demais resulta em um tanto de ansiedade durante a jogatina.
Gráficos
O jogo é bonito, porém, sendo uma versão Deluxe, era esperado que houvesse uma melhoria em relação ao original, de 2013. Essa melhoria acabou não se realizando mas isso não me incomodou de forma alguma. O jogo continua bonito e roda muito bem, com queda de frames perceptível apenas durante a espremeção de frutas acelerada no final do dia.
Devido à pequena quantidade objetos que se pode interagir no mundo, como frutas, inimigos e chefes, cada um é muito característico, sendo fácil lembrar cada aspecto único, como ataques elementais e padrões de movimento.
Outro benefício da aparente simplicidade é quão bem o jogo comunica informações úteis, como vida, quantidades de Pikmin e recursos de forma geral.
Conclusão
Um jogo que começa relaxante e amigável, aos poucos vai mostrando sua verdadeira face. Conforme os inimigos se tornam mais capazes e os cenários mais intrincados, fica clara a força que os Pikmin tem quando unidos, assim como sua fragilidade quando empregados de forma errada. Te obrigando a estar sempre preparado para eventualidades.
A campanha tem uma duração boa, cerca de 8 horas. Isso pode se estender de acordo com a vontade e dedicação do jogador de coletar todas as frutas e exercitar a comunicação, jogando em modo cooperativo.
O senso de exploração e o humor leve salpicado por todo o jogo faz com que Pikmin 3 Deluxe seja agradável para todo o tipo de jogador, ainda mais com os ajustes possíveis na dificuldade e forma de controle, esta que pode ser feita de duas maneiras, pelos analógicos ou por movimento. Ambas conseguem entregar uma boa experiência de jogo. Mesmo assim, eu senti que poderia ser melhor. Espero que em Pikmin 4 encontrem uma solução para isso, já que Pikmin 3 Deluxe me deixou um tanto intrigado pelo o que essa franquia ainda pode alcançar.