Análises

Análise: Olija

Desenvolvido pela Skeleton Crew e Thomas Olsson e publicado pela Devolver Digital, Olija foi revelado na Devolver Direct, em julho de 2020 e chamou a atenção de fãs de jogos de ação e plataforma em 2D pelos seus gráficos, que remetem aos clássicos como Prince of Persia, e um arpão mágico.

Esta análise foi possível graças a chave disponibilizada pela Devolver.

História

Angustiado por ver sua vila pesqueira decair ano após ano devido à escassez de peixes, Lorde Faraday resolve se lançar ao mar junto de sua tripulação para buscar uma vida melhor. Semanas se passaram e uma grande tempestade atinge a embarcação a afundando.

Lorde Faraday acorda em uma terra desconhecida, chamada de Terraleva, onde logo é resgatado por um barqueiro que o leva para Marvalho, um assentamento de náufragos sem o ímpeto nem os meios para sair desta situação.

Logo, Faraday precisa explorar vários arquipélagos procurando seus companheiros de viagem e 3 chaves para abrir o Portal das Sombras e retornar ao seu lar. Em suas buscas, Faraday acaba encontrando duas peças fundamentais para seu futuro: a dama Olija e o arpão amaldiçoado.

Um arpão!

Sem muita exposição, a atmosfera do jogo consegue vender esse clima de mistério e de desconhecido. Ele nunca oferece muitas respostas, ficando a cargo do jogador tentar preencher as lacunas com os fragmentos que lhe são apresentados.

Jogabilidade

O foco da jogabilidade está na interação do arpão com o cenário e inimigos, explorando seu poder de teletransportar seu utilizador para o seu lado. Isso leva a algumas situações de plataforma interessantes. Mais à frente, a introdução de outra arma também com poderes mágicos dá a chance para algumas sessões de puzzle apresentarem um pequeno desafio.

Esse “olho” serve de alvo para o seu arpão

O combate é simples mas oferece algumas opções para o jogador. Ao longo da jornada se encontra um florete, uma balestra e um bacamarte, além da outra arma mágica já mencionada. Estas armas são alternadas com o botão L e usadas com o botão X, enquanto o Y fica exclusivamente para ataques com o arpão. Achei muito mais eficaz encontrar a arma secundária que mais me agrada e mantive ela por quase todo o tempo, apesar de algumas situações serem feitas sob medida para um determinado equipamento.

Os inimigos tem um comportamento bastante simples, muitas vezes caindo sozinhos nas várias armadilhas espalhadas pelo cenário. Sua força está nos números. De vez em quando surge um inimigo diferenciado, que pode curar os outros ou que atira flechas. Nestas situações, a esquiva (botão ZR) é muito bem vinda, ainda mais depois que se domina o timing para não se espatifar no chão e ficar caído, dando chance para os adversários enquanto se recompõe.

Não muito tempo depois de começar suas aventuras, Faraday encontra um chapeleiro. Mas não um chapeleiro comum. Seus chapéus dão características especiais para o nosso herói. Um recupera vida, outro dá um ataque que dilacera seus oponentes, enquanto um terceiro dá imunidade à ácidos, dentre outros. Apesar de serem apenas alguns chapéus disponíveis, cada um dá uma vantagem bastante específica e que pode se encaixar no jogo de diferentes perfis de jogador.

Gráficos

O jogo possui gráficos bastante simples mas também carismáticos. Há uma dicotomia interessante entre o jeito comicamente desengonçado que alguns personagens se movem e o ambiente frio e sombrio de todo o jogo.

Algumas cenas são bonitas, mas grande parte da beleza do jogo vem das animações, já que tudo é meio decadente e com cores mortas em um estilo pixel art muito bem feito, com pixels grandes, o que deixa bastante dos detalhes para a imaginação do jogador, assim como a história, mas muito é complementado pelo lindo trailer de lançamento publicado no YouTube.

Seguindo o estilo da Devolver, o jogo não tem vergonha de mostrar gotas quadradas de sangue voando pelo ar sempre complementados pelo…

Som

… gutural som dos corpos dos inimigos se despedaçando. O que dá muito mais impacto e satisfação ao combate.

A trilha sonora é mínima, deixando a ambientação para os barulhos do cenários, como vento e ondas, e combate. Isso deixa muito claro quando algo grandioso e relevante está ocorrendo, mesmo que você não entenda muito bem o que está acontecendo.

Conclusão

Olija é uma experiência curta e contida naquilo que se propõe. Apesar de fazer bem o que faz, deixa uma sensação de potencial não atingido com sua mecânica principal, o arpão e seu “teletransporte”. As partes mais interessantes ficam já próximas da conclusão do jogo, em algumas sessões de plataforma mais desafiadoras ou de um lampejo de puzzle.

O jogo apresenta um mundo aberto o suficiente para que novas histórias possam surgir, mas nada é explorado. As origens do barqueiro e do chapeleiro, por exemplo, são histórias que poderiam rechear um pouco mais essa experiência extremamente direta. Tão direta que até me deixou um pouco confuso quando me dei conta de que havia um romance já estabelecido.

Vendo pelo lado negativo, a falta de conteúdo faz com que o jogo pareça um projeto em desenvolvimento, com um potencial grande que não foi alcançado. Pelo lado positivo, ele é tão competente no que faz que fiquei com um gostinho de “quero mais”. Fico esperando que exista um Olija 2 e que ele consiga explorar esse mundo do jeito que ele merece.

Faraday esperando ser chamado para a continuação