O ano é 2007, lembro de ter visto em uma revista de games um jogo com personagens da Disney e Final Fantasy para Playstation 2. Além da proposta ousada, seus gráficos coloridos e modelos dos personagens bem feitos, além do gameplay, me chamaram muito a atenção. Ao jogar fiquei fascinado, aquilo era incrível! Para a minha alegria a continuação já havia sido lançada e comecei assim que terminei o primeiro. O que era bom ficou ainda melhor e foi assim que me apaixonei pela série Kingdom Hearts.
Desde então diversos títulos foram lançados para portáteis, alguns importantes, outros nem tanto. Ainda bem que a Square Enix decidiu lançar os jogos em coletâneas remasterizadas para PS3 e PS4, o que facilitou o acesso. Mas só na E3 2013 que enfim foi anunciado o tão aguardado Kingdom Hearts 3, e só na E3 2015 tivemos um vídeo que mostrava mais do gameplay, para enfim depois de adiado, ser lançado dia 29 de Janeiro de 2019, para PS4 e XONE. A vida de um fã de Kingdom Hearts não é fácil, mas depois de tanto tempo esperando é chegada a hora, sera que valeu a pena?
Esse não é o fim da série mas é a conclusão de um arco, então não recomendo para quem não jogou os anteriores.
História
Seguindo os eventos de Dream Drop Distance, em preparação ao confronto final contra Xehanort e a nova Organization XIII, Yen Sid envia Sora na companhia de Pateta e Donald, em uma nova jornada para recuperar seus poderes e adquirir o poder do despertar. Enquanto isso Riku e Mickey devem procurar os guardiões da luz restantes, e os mais novos usuários de Keyblade: Kairi e Lea, vão treinar sob a tutela de Merlin.
Assim, mais uma vez o trio vai se aventurar pelos mundos da Disney, onde geralmente temos a inclusão da turma em uma releitura de cada história. Em alguns casos, temos até uma história original como em Monstros S/A onde vemos Sulley e Mike na fábrica que agora coleta sorrisos de crianças como fonte de energia.
Kingdom Hearts é famoso por sua história complexa, mesmo um veterano pode ter dificuldade em explicar. Mas agora esta mais esclarecido, inclusive no menu principal tem um resumão de toda a história até então, o que achei bem vindo pois ajuda a refrescar a memória. Sem entrar em muitos detalhes para não dar spoilers, poderiam ter distribuído melhor alguns acontecimentos mais marcantes, pois acaba ficando boa parte para o final e um pouco corrido, o que consequentemente me fez explorar menos os mundos da Disney para chegar logo ao climax. O desfecho é emocionante, cheio de surpresas e reviravoltas, mas ainda ficam umas perguntas e pontas soltas.
Jogabilidade
Um ponto que sempre foi forte em Kingdom Hearts foi o sistema de combate, a cada jogo foi refinando e trazendo novos elementos, mas no 3 se superaram. O arsenal do Sora está enorme, seja nos ataques ou nas magias, temos o Shotlock do Birth by Sleep, o Flowmotion do Dream Drop Distance, agora podemos andar nas paredes e a melhor novidade que são as transformações das Keyblades. Cada uma possui uma ou duas formas onde se tornam armas completamente diferentes com seus próprios combos e habilidades, desde canhões, cajados, martelos, até yoyos, e muito mais.
Mas nem tudo são flores, também temos algumas novidades dispensáveis como as atrações onde Sora chama um brinquedo do parque da Disney, que apesar de ser um espetáculo visual, você só fica apertando botão causando dano em área enquanto fica invulnerável, o que quebra o ritmo dos combates. Outro recurso dispensável é a Rage Form (semelhante a Anti Form do 2 onde o Sora assume a forma de um Heartless), que fica disponível aleatoriamente quando ele esta prestes a morrer. O problema é que acontece praticamente todas as vezes e enche todo o seu HP, sem falar que é bem forte, o que facilita muito o jogo. Aproveitando e falando em dificuldade, aqui o jogo decepciona, mesmo no Proud Mode que é a dificuldade mais difícil, o jogo está bem tranquilo, não precisei me preocupar com LV, equipamentos ou estrategia.
Os mundos estão bem fiéis aos originais da Disney, bem vastos e oferecem experiências distintas, como em Toy Story onde Sora pode pilotar robôs, ou em Piratas do Caribe, temos um navio – realizando o sonho de ser pirata do Sora! – onde podemos explorar os sete mares, combater outros navios, e até fazer upgrades, ou em Operação Big Hero que ao invés de termos várias áreas separadas como de costume, temos a cidade inteira como uma área só, semelhante jogos de mundo aberto.
Poderiam ter mais mundos da Disney, também senti falta de um mundo original marcante como Hollow Bastion do 1 ou The World That Never Was do 2. No 3 tem algo do tipo mas sem tanta profundidade, se resumindo apenas as batalhas finais. Tetsuya Nomura decidiu deixar os personagens de Final Fantasy de fora, alegando que não são mais necessários, pois Kingdom Hearts já tem bastante personagens originais e bem desenvolvidos. Até concordo, mas fizeram parte da história em alguns momentos importantes e acabei sentindo falta (estava ansioso para mais um confronto com Sephroth).
Se você estiver cansado de tanto lutar, não se preocupe porque atividades secundárias e minigames é o que não falta. Agora Sora tem um o Gummiphone, um celular onde da para coletar joguinhos que estão espalhados pelos mundos, ou tirar fotos. Tem as missões dos Moggle, que pedem fotos especificas em troca de recompensas. Também temos os Lucky Emblems que são símbolos do rosto do Mickey espalhados pelo cenário, alguns estão bem escondidos e camuflados, é um desafio a parte achar todos mas recompensado com o final secreto.
Não podia deixar de falar do Bistro do Tio Patinhas, onde achamos ingredientes pelo mundo e cozinhamos pratos com o Rattatouile, ganhando itens conforme o menu aumenta, além de poder comer os pratos em troca de ganhos temporários em stats.
O Gummi Ship, a nave customizável usada para viajar entre os mundos esta de volta, só que agora a exploração é livre. A ideia parece interessante mas os controles não funcionam muito bem e não é empolgante explorar, porem é possível ir direto pro objetivo evitando os combates.
Gráficos
Kingdom Hearts sempre caprichou nesse aspecto, desde coisas menores como menu de combate temático para cada mundo, até cenários e modelos dos personagens bem feitos e fiéis. Como esquecer do Jack Sparrow no 2 que ficou melhor que o do próprio jogo de Piratas do Caribe (PS2). Ou de Birth by Sleep, que apesar de lançado para o portátil PSP, oferecia qualidade digna de console de mesa. No 3 não podia ser diferente, depois da troca para Unreal Engine 4, conseguiram trazer um dos melhores gráficos da geração. Tem diversos vídeos na internet comparando cenas das animações com o jogo e o resultado e incrível, reproduzem perfeitamente. Destaque para Piratas do Caribe mais uma vez, onde o trio muda de seus modelos cartunescos para modelos mais realistas e detalhados.
Trilha Sonora
Como já esperado de Kingdom Hearts, seja na reprodução das músicas da Disney com suas versões mais agitadas durante os combates que os tornam mais emocionantes, nos remakes das músicas usadas nos jogos anteriores ou nas novas faixas, a trilha sonora esta fantástica. Pode ter certeza que ao terminar o game você vai se pegar ouvindo a trilha sonora do jogo. Sem falar da intro incrível com musica da Utada Hikaru.
Pela longa espera, fim do primeiro arco e gostar muito da série, talvez esteja sendo exigente mas esperava um pouco mais, porém o jogo é incrível. Espero que eventualmente lancem uma atualização ou mais conteúdo e uma correção na dificuldade como o Critical Mode, para aumentar o fator replay. E não se esqueça: May your heart be your guiding key.