Um dia resolveram misturar lucha libre, cultura mexicana, cenários e personagens coloridos, muito humor, muitos Easter eggs e referências, e assim surgiu o Metroidvania com uma pitada de Beat em Up, Guacamelee.
Sua sequência, Guacamelee 2, desenvolvida e publicada pela DrinkBox Studios, foi lançada em 21 de agosto de 2018 para PlayStation 4 e PC (via Steam) e nos coloca na pele do “luchador” Juan para salvar o México mais uma vez – quer dizer, o Mexiverso!?
A versão utilizada para a análise é a da Steam e foi disponibilizada pela própria DrinkBox Studios.
Calaca e sua referência épica!
Após uma breve recapitulação jogável dos eventos do primeiro jogo, vemos Juan 7 anos depois observando suas glórias do passado. Agora casado com Lupita, e com dois filhos (um menino e uma menina), sua maior preocupação é o que irá comer na janta.
“Um homem sem barriga, é um homem sem história!”
Ao visitar a cidade para comprar comida, nuvens negras começam a surgir por toda parte e, junto a isso, esqueletos atacando a todos. Em meio a este caos surge de um portal Uay Chivo (mentor do herói) contando que o Mexiverso esta em perigo.
No multiverso 24, os eventos ocorreram de forma diferente e Juan e Lupita foram mortos por Calaca. Quem o derrotou foi Salvador, outro luchador poderoso, mas sua fonte de poder, uma máscara amaldiçoada, o está corrompendo e drenando sua vida. Somente o guacamole sagrado pode salva-lo. São necessários 3 relíquias que dão acesso ao El Otromundo, lugar onde se encontra a iguaria divina – deve ser gostoso -, e sua busca é o que está trazendo a ruína do Mexiverso. O Juan que conhecemos é o último vivo de todos os multiversos e terá que vestir a máscara mais uma vez para dar fim nos planos de Salvador e sua trupe.
Utilizando a mesma fórmula do antecessor, a sequência não traz muitas novidades. Uma das mais notáveis eu não pude experimentar que, é a possibilidade de jogar com até 4 players. As habilidades adquiridas conforme o avanço são as mesmas, com poucas exceções: destaque a forma de galinha que agora conta com mais habilidades e é mais útil em combate. Inclusive, Juan acaba se envolvendo com umas galinhas iluminati?!
Praise the Lord!
O sistema de combate continua ótimo, sendo possível realizar combos enormes. e a agradável sensação ao acertar golpes de lucha libre nos inimigos, e inimigos é o que não falta – é ação o tempo todo.
Uma pena não poder dizer o mesmo sobre os boss: são poucos e bem fáceis. Acho que ajudaria deixar a opção Hard disponível desde a primeira jogatina. Falando em boss, os novos vilões foram mal explorados, tiveram pouco desenvolvimento e deixaram lacunas abertas, diferente do primeiro jogo, em que são mais marcantes e têm mais tempo em cena – eles até reaparecem e ajudam dessa vez.
Uma novidade são os treinadores que encontramos no decorrer da aventura. Em troca de dinheiro ganho no jogo e alguns requisitos, eles ensinam e melhoram habilidades específicas.
Uma coisa que pode ser desagradável para alguns em Metroidvanias é a necessidade de revisitar lugares, por antes ser inacessível devido à necessidade de alguma habilidade específica.
Aqui, a experiência é ótima. Se você passa por algum lugar assim, ele fica marcado no mapa com a cor da habilidade correspondente, facilitando o retorno, além do que, revisitar lugares do jogo não é algo tão constante e não o torna cansativo, além de estimular o jogador a fazer 100% – há outro motivo estimulador também, mas sem spoilers.
Quanto ao level design, aqui os caras capricharam. O uso das habilidades são tão necessárias em combate quanto para avançar nos cenários, e também para conseguir power-ups. Quando você morre, rapidamente retorna e, geralmente, na mesma tela. Isso funciona tão bem, que às vezes você não percebe o quanto morreu. Mas se prepare, porque tem alguns lugares que farão uso de todas suas habilidades e reflexos no controle – e paciência.
Nessa parte não tiveram pena
Os gráficos continuam sensacionais, bem definidos e coloridos, cheios de detalhes e combinando muito com a temática do jogo. Assim como a trilha sonora, que traz melodias agradáveis durante a exploração e melodias agitadas durante os combates, no melhor do ritmo mexicano.
Na metade do jogo conseguimos a habilidade de alterar entre o mundo dos vivos e dos mortos. Aí os detalhes são mais notáveis, principalmente nas cidades, sem falar das referências e Easter eggs. Os cenários estão recheados delas, além de nos diálogos e cenas – Steve Rogers vai à loucura.
Eu poderia ficar o dia todo comentando sobre isso, mas só estragariam as surpresas, então é melhor conferir por si mesmo, e não ache que que o humor do jogo se resume a isso, pelo contrário, é só um complemento.
Guacamelee! 2 aposta em repetir a experiência do jogo anterior com alguns poucos ajustes e novidades, mantendo seu humor e ação constantes, mas ainda assim consegue ser uma ótima continuação e se destaca nessa época em que estão saindo diversos Metroidvanias. Recomendado tanto para quem jogou o primeiro quanto para jogadores de primeira viagem.