A Nova Jornada
Antes de começar a escrever sobre o jogo, vamos entrar no que está ocorrendo neste novo jogo. Para os jogadores que optaram pela versão Deluxe, um dos bônus foi a edição 0 da HQ God of War, que mostra Kratos neste novo mundo. Vemos Kratos andando na neve, observando tudo a volta, até que uma matilha de lobos o cerca, nesse momento podemos pensar que ele vai partir para o ataque, porém é ai que notamos a mudança do personagem, que apenas aguarda os lobos e se defende dos ataques, após algumas horas de luta e os lobos terem cansado, estes param de atacar. Porém o uivo de um dos lobos indica que algo se aproxima e Trolls aparecem em cena indo para o ataque.
Kratos inicialmente não quer lutar, pois está tentando controlar a fúria que sente, mas a batalha começa a ficar violenta e o antigo Deus da Guerra desperta dentro dele e mata os trolls, mas o invés de sentir triunfo, ele sente frustação, por ter sucumbido novamente a Fúria e a partir deste momento vemos o quando o protagonista mudou.
O jogo começa com Kratos cortando uma árvore, as machadadas certeiras derrubam uma árvore e quando iria se abaixar para pegar o tronco, as bandagens que cobre as cicatrizes de onde antes tinham as correntes das Blades soltam e nesses pequeno segundo uma expressão de recordação e pesar tomam conta dele, porém a expressão muda quando o filho aparece para levarem o tronco para a cremação de Faye, a esposa de Kratos.
Enquanto o corpo de Faye é cremado, os protagonistas saem para caçar, tendo o garoto como responsável de matar um cervo. Kratos é duro quando o Atreus corre até o cervo, porém vemos que ele consegue controlar a fúria, mantendo a voz calma novamente.
A instabilidade emocional de Kratos é colocada em primeiro plano em diversas partes do jogo, principalmente quando é relacionado ao filho, pois nota-se que ele quer que o garoto não se torne algo parecido com ele, porém não sabe se expressar da forma exata.
Quando estamos seguindo os rastros do cervo a dupla é ataca por Draugr, uma espécie de mortos vivos originários da mitologia escandinava, nessa hora o combate inicia e caso você ainda tem as manias dos antigos God of War de apertar sempre o mesmo botão, posso te dizer que terá uma morte rápida.
Evolução do gameplay
Todo o esquema de combate foi remodelado, fazendo com que o jogador saiba se posicionar entre os inimigos, utilizando ataque, defesa e esquivas. A movimentação de Kratos é bem fluida e o combate violento como o esperado, caso o jogador consiga fazer uma defesa no momento certo, o tempo congela com breves segundos que permitem um ataque a mais.
Os inimigos sempre veem em bando e podemos identificar os níveis destes através da cor da barra de vida que aparece cima de cada um:
– Verde: mais fraco que Kratos
– Amarelo: mesmo nível ou apenas um pouco mais forte
– Roxo: muito mais forte
Por muitas vezes acabei apertando Quadrado e Triangulo, por causa do velho costume dos antigos jogos da série e por causa disso, acabei morrendo diversas vezes durante o jogo.
Os ataques a distância que fazemos com o machado são uteis para retardar os inimigos, e quando o invocamos para a mão, quem estiver na frente sofre dano, aumentando assim a diversidade de ataques que podemos fazer.
Inimigos gigantes como os Trolls e Ogros, causam dano por área e corpo a corpo, caso você chegue muito perto deles, uma das táticas a serem utilizadas é utilizar o auxílio de Atreus, para distrair o inimigo, enquanto acertamos o inimigo com o arremesso do machado.
A evolução do personagem foi modificada, agora temos uma árvore com habilidades que compramos usando a experencia que vamos coletando de batalhas, locais que encontramos e sidequest que concluímos. As habilidades do machado evoluem conforme equipamos runas e compramos as habilidades mais fortes usando Hacksilver, a moeda que Kratos coleta. Uma jogada que achei ótima foi terem colocado as Maçãs de Idunn, como item responsável por aumentar a vida do personagem, pois estas maçãs na mitologia nórdica eram guardadas pela Deusa Idunn, que diariamente entregava uma maçã a cada AEsir, fazendo com que estes continuem imortais.
A ideia de termos um ajudante durante o jogo pode parecer algo estranho, afinal estávamos acostumados a ter apenas Kratos retalhando os inimigos com as armas e magias, porém Atreus é uma adição ótima, sendo responsável por atacar e atordoar inimigos, o que é muito útil em batalhas com vários monstros, além do menino indicar itens que estão no cenário e ler tudo que está escritos em runas.
O amadurecimento do protagonista
No momento que recolhe as cinzas de Faye, Kratos recebe a visita de O Estranho, que o desafia para um duelo, inicialmente pensamos que pode ser um inimigo comum, porém este personagem conhece o passado de Kratos e sabe bem quem ele é. O Deus da Guerra libera toda fúria nessa luta que se mostra difícil, tanto que O Estranho diz que ele envelheceu e luta mal por causa disso.
Muitos outros personagens cruzam os caminhos deles, posso destacar principalmente Brok, um anão responsável por ter feito o Machado do Leviatã que Kratos utiliza e que sempre acaba contando algo sobre o mundo e arrumando o equipamento dos protagonistas. Outra personagem interessante é A Bruxa, que logo que aparece fala para Kratos que sabe quem ele é e principalmente sobre o que Atreus é, alertando para que tomem cuidado na viagem e que Kratos conte para o filho toda a história dele.
Essa interação de pai e filho, cria um enredo rico ao jogo, pois vemos que Kratos tem medo que Atreus acabe ficando descontrolado como ele foi no passado, que o menino apenas se deixe levar por raiva e ódio. Atreus por ser novo ainda não consegue lidar com as lutas, ou mesmo com o fato de matar alguém e nesses momentos vemos o quanto Kratos quer que o filho aprenda a seguir em frente após cada batalha.
O Renascimento
A nova jornada de Kratos pode parecer um pouco estranha inicialmente, a mudança de cenário e a inclusão de um companheiro de viagem, pode ser brusca para jogadores que esperavam apenas mais um jogo de esmagar botões, assim como a nova personalidade do Deus da Guerra, completamente diferente do que vimos no passado, pois como em nossa vida, tudo muda com anos e o que vemos agora é um personagem amadurecido, que aprendeu com os erros do passado e não quer permitir que o filho siga o mesmo caminho de fúria e descontrole.
Kratos e Atreus são um time que se complementa, pois cada um ensina algo de novo para o outro, o que chega a ser uma ótima maneira de desenvolver o enredo.
A viagem através do mundo nórdico é algo que a muito tempo não experimentava, fiquei completamente envolvido pela história, a evolução da jogabilidade foi algo essencial para a série poder retornar, porém a mudança no perfil do personagem foi o que mais me agradou, que por mais que Kratos continue sendo uma máquina de matar, o amadurecimento mesmo que tardio do personagem é algo bem marcante.
Todas as mudanças foram ótimas, o Santa Monica Studio fez certo em apostar na ideia de Cory Balrog, de desenvolver mais o personagem e focar em um rica narrativa, que conseguiu com méritos trazer God of War de volta para nossas jogatinas e fazer com que seja um dos jogos mais marcantes de 2018.
Sendo exclusivo para Playstation 4 e Playstation 4 Pro, God of War é um titulo essencial para o jogadores que procuram uma aventura no mundo nórdico e uma narrativa bem desenvolvida e viciante, que com toda a certeza experimentarei outras vezes.