Chegamos ao terceiro Fire Emblem no 3DS, um portátil que será lembrado por muitos como um dos melhores já feitos devido ao extenso catálogo de jogos excelentes, e pelos fãs da franquia de estratégia como o primeiro console desde o SNES a receber 3 Fire Emblem.
Porém será que Echoes está a altura do 3ds, e dos seus 2 antecessores?
Para quem não sabe Fire Emblem é uma série iniciada em 1989 no NES, que combina gameplay de estratégia (tipo Xadrez em uma comparação simplista), com a progressão de suas unidades como um RPG, e Shadows of Valentia é um remake do segundo jogo da série, chamado de Gaiden. Vale ressaltar que o este jogo na época não foi muito bem recebido pela mudança de estilo, utilização de dungeons, e é conhecido até hoje como a ovelha negra de Fire Emblem, similar a The Legend of Zelda II – essa mudança de estilo era comum no fim de 80 e início de 90.
Pra completar os dois Remakes anteriores de Fire Emblem, Shadow Dragon e Shin Monsho no Nazo, não foram bem recepcionados em especial o primeiro que, por muitos, é considerado um dos piores Fire Emblem de todos, se não o pior.
Logo de cara é possível perceber, então, a pressão sobre a Intelligent System ao arriscar esse terceiro remake. Mas felizmente desta vez ela é bem sucedida em quase tudo o que faz, fazendo com que Echoes seja um jogo divertidíssimo e com um grande valor de produção.
Graficamente o estilo da arte do jogo é primorosa, o rosto de cada personagem parece a combinação de um anime com uma pintura criando um estilo que ao mesmo tempo parece ser clássico tal como contemporâneo. As cut scenes animadas variam de qualidade lembrando um pouco ao novo anime de Berserk, combinando 3D com 2D em uma animação que as vezes é primorosa e por outras parece travada. Já o modelo dos personagens durante as batalhas é são incrivelmente detalhados, e fica clara a evolução da série desde o lançamento de Awakening.
Em termos de história, esse é um jogo simples, e uma mudança drástica da complexidade de Fates. É possível olhar isso por dois ângulos, a trama é drasticamente mais simplista, e perde certas nuances presentes no jogo anterior, por outro lado essa simplicidade faz com que os personagens sejam muito mais bem trabalhados e fáceis de se aproximar. É uma lembrança de dias mais simples da franquia, e honestamente, no presente momento ela é bem vinda, nem que seja para diferenciar Echoes do seu predecessor.
Nesse jogo em específico você encarna em duas tropas, que se intercalam entre si – sendo que a partir do capítulo 2 você escolhe qual tropa você irá utilizar – fazendo com que você tenha uma visão de dois pontos de vista na guerra, e essa dinâmica é muito interessante. Para complementar, todos os personagens tem praticamente todas as suas falas com voz, o que torna tudo muito mais legal e dinâmico do que apenas ler enquanto ouve frases soltas. As vozes – todas em inglês já que tradicionalmente não há dublagem PT-BR em jogos da Nintendo – são muito bem trabalhadas e com exceção de um único personagem, que é excessivamente melodramático todas são primorosas.
Rudolf retornando do clássico, e Berkut e Rinea, vilões introduzidos no remake. |
Gameplay
O gameplay é bastante reminiscente de Fire Emblem (GBA) que foi o primeiro jogo da série lançado no ocidente, ou seja nada de filhos, viagem no tempo e romance. O sistema de relacionamentos ainda existe, mas ele retorna ao campo de batalha e no geral são frases relativas a amizade e bem mais curtas do que em Awakening/Fates. Por outro lado, perde-se em quantidade e ganha-se em qualidade, a escrita da série não é boa assim há anos, talvez desde Path of Radiance (GC).
Porém Echoes apresenta algumas mecânicas que destoam dos jogos de estratégia, nesse jogo temos seguimentos de Visual Novels, e também de Dungeon Crawler, que se juntam ao elemento RPG/Estratégia para compor uma experiência que embora longa, por volta de umas 30 horas para zerar o jogo, não se torna cansativa ou repetitiva em quase momento algum (excetuando por algumas fazes que se passam em pântanos e limitam o movimento das suas unidades, essas são chatas mesmo).
Já a dificuldade é ligeiramente maior do que a apresentada em Fates/Birthright e Awakening, porém o modo casual ainda está presente, permitindo que suas unidades permaneçam vivas para a próxima batalha mesmo sendo derrotadas em combate. Pra completar tanto no modo Casual como no modo Hardcore é possível utilizar uma mecânica, poucas vezes, de retornar alguns turnos, o que permite que você tente estratégias mais arriscadas, mesmo no modo Hardcore.
Pra completar existem três grandes diferenças: não há mais o triângulo de armas, ou seja não há mais a mecânica na qual espadas > machados > lanças > espadas, o que simplifica bastante o combate; as magias custam pontos de vida e são mais variadas, elas variam desde as tradicionais magias de ataque até invocações de espíritos e o extermínio de unidades mortos vivo em campo; o terreno é fundamental para obter sua vitória, há terrenos como tumbas e florestas que podem dar bônus de até 60% na sua esquiva e isso muitas vezes é a diferença entre uma unidade sua sobreviver aquela batalha ou não.
A evolução de Celica mostra como os artistas de Fire Emblem melhoraram |
Veredito
Somando todas essas mudanças podemos entender que Echoes é um jogo vastamente diferente de Awakening e Fates, e honestamente, dada a sua postura mais direta pode ser o jogo ideal para se entrar na série Fire Emblem. Por outro lado ele abre mão de muitas mecânicas que se tornaram padrão da série nos últimos anos, mas estas embora façam falta em alguns momentos, não estragam a experiência. Dessa forma Fire Emblem Echoes: Shadows of Valentia é um jogo feito com um menor investimento, mas de alguma forma se prova como um dos melhores jogos de estratégia em anos e sem dúvida é um excelente Fire Emblem, seja para veteranos como para novatos.
Visual: 8.5/10
Jogabilidade: 9.5/10
Som: 10/10
História: 9/10
Carisma: 10/10