Que a Devolver Digital é boa em fazer jogos frenéticos, você já sabe. Afinal, nós já analisamos Ruiner, um ótimo jogo do mesmo estúdio. Os dois jogos possuem características parecidas ao mesmo tempo que são completamente diferentes, pois Disc Room traz consigo uma pegada de partidas rápidas, dividida em salas e com desafios que te fazem ficar em um mesmo cômodo até sair sem afazeres.
Esta é a análise do frenético e divertido Disc Room, com uma chave fornecida para nós pela própria Devolver Digital. Vamos a ela!
História
Não espere nada muito complexo por aqui, além de uma justificativa para tudo estar como está: O ano é 2089 e você está na pele de um cientista que descobriu um disco enorme na órbita de Júpiter e precisa investigar mais de perto o tal fenômeno espacial com a sua equipe.
O problema disso? As salas não são nada receptivas, já que todas elas são infestadas de discos cortantes, prontos para fatiar nosso cientista. Prepare-se para morrer bastante para poder avançar, mas não espere ser muito penalizado por isso, afinal o retorno ao jogo é rápido e não existem vidas ou Game Over. A proposta aqui é sobreviver e partir para as próximas salas e desafios, e assim consecutivamente.
As salas começam de maneira “crua” para que o jogador consiga se situar, e vai ficando mais complexa conforme avançamos. Cada sala geralmente dá dois novos acessos, que são liberados de acordo com as tarefas que você fizer dentro de cada uma. Aqui vai um exemplo: sobreviva por 10 segundos e libere a sala de cima, desbloqueie uma habilidade nova e a sala da esquerda será liberada. Isso faz com que o desafio fique mais tentador de ser feito por completo, além de aumentar bastante o quesito exploração.
Jogabilidade
Disc Room traz uma proposta simples com objetivos curtos, e isso não é ruim. A proposta hibrida do Switch é carente de jogos que se comportem como apps, onde uma fase é curta o suficiente para você apenas sacar o console, jogar rapidinho e guardá-lo. Outro jogo que fez isso muito bem é Baba is You, que pessoalmente recomendo.
A ideia de se desviar de vários obstáculos em um pequeno espaço já é interessante por si só, mas pensando em um número maior de fases, poderia ficar enjoativo. É aí que entram as habilidades e os discos com comportamentos diferentes. As habilidades vão desde deixar tudo em câmera lenta até uma espécie de dash que te faz atravessar os discos. Já os discos, vão desde os que giram apenas nas extremidades, até os maiores, os que te perseguem, os que arremessam outros discos… enfim.
Nesse jogo, precisão é a palavra. Dentro de cada sala ocorrem muitos comportamentos simultâneos, e a graça é justamente entender como todos funcionam e desviar de tudo por quanto tempo for necessário. Por ser bem simples e intuitivo, a jogabilidade não foge muito de ser um bom dominador do analógico, acionando vez ou outra algumas habilidades para te auxiliar no processo. Os desafios também partem de tarefas fáceis até outras mais elaboradas que exigem algumas manhas e segredos, mas é bem legal descobrir por si só.
Trilha Sonora
A ideia de um cientista estar sozinho no espaço adentrando um lar desconhecido me remete muito a Metroid. As propostas são visivelmente diferentes, mas existe uma pegada mais silenciosa em menus de seleção e trilhas mais agitadas na hora da ação, mesma fórmula vivida por Samus nos planetas em que ela já explorou.
Isso torna a ambientação muito funcional, misturando a insegurança com momentos frenéticos e cheios de energia.
Gráficos
Além das próprias fases, o contato com os gráficos de Disc Room fica nas pequenas cutscenes espalhadas ao longo da jogatina. Tudo me lembrou aquelas animações antigas em Flash, com uma aposta em cores bem simples e sem sombreado, com o objetivo em mente de tudo ser óbvio para os olhos na hora de lidar com tudo junto na mesma tela.
A proposta gráfica se encaixou muito bem com o que o jogo passa, já que se tudo fosse em 3D ou com cores e ambientações mais escuras, o jogo sairia de divertido para confuso.
Veredito
Assim como em Ruiner, me senti cada vez mais motivado a voltar de uma derrota e corrigir uma falha que fiz em Disc Room. O jogo te incentiva de maneira indireta a cumprir os desafios e superar o seu próprio tempo e o tempo dos desenvolvedores, que fica exposto como um recorde a ser alcançado.
A proposta é simples mas longe de ser fácil, e o esquema de salas não torna o jogo algo linear, do ponto A para o B. Ele explora rotas mais fáceis ou menos desafiadoras, para manter o jogador lá e fazer com que ele volte para o desafio mais complicado em outro momento.
O jogo é curto, mas pode ser maior se você realmente correr atrás de todos os segredos e desafios que moram na órbita de Júpiter e dá para dizer de boca cheia que Disc Room é uma boa pedida para quem curte jogos mais rápidos de se jogar.