Em um laboratório subterrâneo, gritos podem ser ouvidos, acompanhados de sons guturais e, em seguida, silêncio. As salas e cavernas banhadas de sangue são cada vez mais comuns e o monstro de origem desconhecida continua sua matança.
Esse é o cenário de Carrion, o novo jogo do Phobia Game Studio, publicado pela Devolver Digital para Switch, Xbox One e PC, com localização em português brasileiro, ainda sem informações sobre o lançamento para PlayStation. Descrito como um “jogo de horror reverso”, você controla um monstro cheio de tentáculos que foge de seu confinamento em um laboratório subterrâneo e busca a liberdade.
Análise feita no Switch com uma chave concedida pela Devolver.
História
O jogo não explora muito a história dos personagens, apenas revelando alguns flashbacks, mas sem dar detalhes de como as coisas chegaram ao ponto que estão ou qual o objetivo da instalação gigantesca na qual você se encontra confinado. Não há diálogos no jogo e a única comunicação ocorre por meio de letreiros informativos que alertam os trabalhadores do laboratório da situação e textos da interface do jogador.
Jogabilidade
Com certeza este foi o foco do desenvolvimento de Carrion. Como uma criatura não muito definida, a movimentação é praticamente livre pelo cenário, utilizando seus tentáculos para se arrastar no chão, subir pelas paredes e se pendurar no teto. A física ainda atua sobre o seu corpo, caindo caso não haja tentáculos presos o suficiente. A principal mecânica de interação com o ambiente é um tentáculo específico, acionado com o gatilho direito por padrão, que agarra objetos como portas, grades e seres humanos, comendo vorazmente estes quando chegam muito próximos ao seu “corpo”.
Ao longo do jogo, são encontradas “unidades de contenção” similares àquela que aprisionava a aberração na introdução do jogo e, quando destruídas e invadidas, conferem novas habilidades ao monstro ou aprimoram outras. A primeira delas é a capacidade de agarrar, já mencionada, em seguida, uma teia que pode aprisionar ou interagir com objetos mais distantes. Em certo ponto, seu tamanho reduzido começa a ser um limitante, portanto você cresce e ganha mais pontos de “biomassa”, os seus pontos de vida no jogo. Com mais biomassa, é possível realizar novas ações e liberar áreas que antes eram inacessíveis. Mesmo aumentando o seu tamanho e vitalidade, o jogo constantemente reitera a vulnerabilidade da criatura. Muitas vezes um confronto direto é sinônimo de derrota.
Esta variedade de formas e habilidades confere um tom de puzzle ao jogo com um leve backtracking para aqueles que desejam obter todas as melhorias. Apesar de ser majoritariamente linear e da possibilidade de se passar a maior parte do jogo na força bruta, me peguei analisando algumas telas e traçando rotas e estratégias para alcançar o objetivo, o que causa uma mudança de ritmo interessante. O carregamento do jogo é rápido, incentivando a tentativa e erro, sem conferir grandes punições. Os pontos onde salvar o seu progresso também são bem localizados e estão associados ao enredo do jogo, atuando como fendas para expansão de sua biomassa para avançar ao próximo ambiente.
Apesar de muitas alternativas, algumas habilidades parecem um pouco desbalanceadas e a velocidade que ajuda na navegação pode atrapalhar no combate, principalmente na segunda metade do jogo, quando confrontos com vários inimigos de diversos tipos se torna mais comum e acaba resultando em caos, mas sem perder frames.
Gráficos e Sons
A trilha sonora deste jogo atua apenas como ambientação, sem se sobressair, mas de forma competente. Os sons de destruição, tanto de objetos quanto de pessoas, preenchem muito mais os seus ouvidos e ajudam a entregar o impacto das ações realizadas na tela.
Espalhados pelo ambiente estão objetos que auxiliam na imersão do jogo. Apenas passar por um corredor não traria nenhuma reação dos jogadores, mas sempre há grades, correntes ou líquidos para se transpor, enriquecendo a experiência junto do constante som dos tentáculos monstruosos se esticando e espalhando sangue por todo lado.
A estética em pixel art não tem uma personalidade muito forte porém é bem bonita e funciona, deixando as minúcias para a imaginação, mesmo entregando detalhes fundamentais, como o clima carregado, além de dentes, olhos e gotas escorrendo.
Veredito
Uma experiência rápida e intensa para aqueles que buscam se divertir sem ter que prestar muita atenção. As telas similares e falta de mapa me parecem deliberados, mas atrapalham um pouco a navegação quando o jogo abre um pouco mais para exploração de áreas novas e antigas, mas com novas habilidades.
Totalmente focado em suas mecânicas, o jogo brilha quando te faz usar todas as ferramentas que oferece, principalmente na busca por melhorias de habilidades. A história é bastante rasa e previsível, serve apenas como tela a ser pintada com inúmeros tentáculos.